O que é a meningite, causas, sintomas e tratamento da meningite. Classificação da meningite, nomeadamente meningite viral e meningite bacteriana.


Meningite tuberculosa

A meningite tuberculosa difere da meningite causada por outras bactérias por sua evolução mais demorada, mortalidade mais elevada, alterações do LCR de menor gravidade e o tratamento menos eficaz, com maior número de seqüelas . É uma meningite subaguda, onde o início dos sintomas não é agudo, com menor grau de inflamação e evolução mais protraída.
Esta meningite é uma complicação severa da tuberculose e o declínio dessa letalidade se deve a descoberta de quimioterápicos específicos para a tuberculose a partir de 1945, e atualmente é uma doença curável, se diagnosticada precocemente.
Se a prevalência da tuberculose é alta, a primo-infecção tuberculosa e a meningite tuberculosa se tornam freqüentes em idades mais baixas.
A meningite tuberculosa é prevalente nos grupos de alto risco, como imunocomprometidos, imigrantes de áreas endêmicas e pessoas altamente expostas (como membros da família e trabalhadores da saúde). Pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum em crianças e adultos jovens, com suscetibilidade maior nos menores de cinco anos. A vacina BCG protege em torno de 80%, evitando a disseminação hematogênica do bacilo e o desenvolvimento de formas meníngeas.
A meningite tuberculosa, decorrente da disseminação hematogênica do bacilo, é uma das complicações mais graves da tuberculose A meningite tuberculosa deve ser diferenciada de outras doenças infecciosas que comprometem o sistema nervoso central, determinando manifestações clínicas e liquóricas semelhantes, dentre as quais, destacam-se: meningoencefalites virais, meningites bacterianas não tuberculosa (Haemophylus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis) e meningite fúngica (Cryptococcus neoformans). O diagnóstico precoce é importante e difícil, tornando importante valorizar os dados epidemiológicos e clínicos, indicando a análise liquótica nos casos de cefaléia e/ou vômitos persistentes, acompanhados ou não de hipertermia. Sem o diagnóstico e tratamento precoces não se evita seqüelas importantes e drásticas para a vida humana como aumento do perímetro encefálico, retardamento, espasticidade e hipertonicidade muscular.
O tratamento recomendado por Devisnky (2001) usa 4 drogas de primeira linha (rifampicina, isoniazida e pirazinamida e etambutol) nos primeiros 2 a 3 meses e redução para 2 drogas, se as sensibilidades às drogas é bem conhecida. Quando o paciente é sensível às drogas de primeira linha ou quando o microrganismo é resistente, recomenda-se drogas de segunda linha (estreptomicina, ciprofloxacina e etionamida). Davis (2003) recomenda a administração simultânea de três medicamentos - rifampicina, isoniazida e pirazinamida por 2 meses, seguido da combinação de rifampicina e isoniazida por 7 meses, que coincide com o esquema preconizado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose.
Sem tratamento, a morte ocorre em 6 a 8 semanas. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a recuperação é alta, em torno de 90%. Sem o diagnóstico e tratamento precoces não se evita seqüelas importantes e drásticas para a vida.
Seqüelas ocorrem em cerca de 25% dos pacientes recuperados, variando de grau mínimo de fraqueza facial a grave desorganização intelectual ou física (inclui surdez, crises convulsivas, cegueira, hemiplegia, paraplegia e tetraplegia).